terça-feira, 7 de junho de 2011

A PIOR FASE DA VIDA PARA QUALQUER BEE É A ESCOLA OU SEU SINÔNIMO: A ADOLESCÊNCIA

            É na adolescência que tomamos consciência do que somos. Aqui não há descobertas, nem preferências, como já expliquei antes. A adolescência é a fase de transição para a vida adulta, é a fase de formação da sua identidade em todos os níveis, inclusive a sexual e por isso tudo é mesmo uma bosta. Como seria legal pular dos 9 para os 18 anos, não é mesmo? Mas sofrer faz parte da vida, faz parte da evolução. A não ser que você seja um filhinho de papai com pais super compreensivos e modernos e estude e more num bairro rico com pessoas super compreensivas e modernas e possa assumir o seu estilo de vida aos 14 anos de idade.

            Porém, para a maioria de nós, o “Ei, eu sou gay!” acontece entre os 18 e 25 anos de idade. Por que? Porque nessa fase é você quem paga suas contas, então se você paga suas contas, não está nem aí para a opinião dos outros, já que os outros não pagam sua conta de internet e celular, por exemplo; sua família já percebeu que você é “diferente”, só estão se fazendo se sonsos; você já sofreu bastante, tentando ser o que não era e deixou a estatueta  do Oscar para Melhor Ator para os atores de Hollywood, você está cansado disso!; você já tem amigos quase ou assumidamente gays, o que significa transar ou quase com outros gays.

            Há aquela lenda de que a escola é o preço que todo gay deve pagar. Eu explico o porquê desse Carma. Bom, depois da escola sabe o que acontece com os heterossexuais? Eles normalmente se casam antes dos 21 anos de idade, engordam 40 quilos em média e ganham de 2 a 6 filhos para criar ganhando um salário mínimo trabalhando 12 horas por dia na fábrica do Coronel Quá-quá-quá.

            E os gays?

            Bem, eles normalmente vão para a faculdade, ganham muito dinheiro, fazem academia e peeling, ficando inacreditavelmente lindos, o que faz as mulheres dizerem: “É uma pena que seja gay”, não tem filhos esfomeados para criar, viajam, tem contato com as belas-artes, transam muuuuuuito e se casam aos 30 anos de idade. E estão saudáveis até os 50 anos, enquanto os HT's* medem a diabetes desde os 38. Se você ainda não está nesse grupo, bora representar a classe!
           
O preconceito que existe com os gays na escola recentemente recebeu um novo nome, é o “builying”.


*    Leia-se “Agatês”, modo carinhoso de chamar um “Heterossexual”

O MODO GAY INVISIBLE

            Uma coisa que só existe entre os gays é a possibilidade de se camuflar, é o que eu chamo aqui de “modo gay invisible”. Velhos não podem esconder que são velhos, por mais botox que apliquem, negros não podem esconder que são negros – com exceção do Michael Jackson e por aí vão todas as minorias, que no final, se somadas são a maioria: que mundo doido né?

            Na pesquisa do Mckinsey, o grande sexólogo americano, ele apontava que 10% da população era gay. Pesquisas mais recentes apontam para 7% ou 8% da população. É difícil confiar nessas pesquisas, porque cá entre nós, é como no caso do “ex-gay” ou do hétero que “vira” gay – como provar que o cara dá ou não dá a bunda na cama e que está gostando do que está fazendo?
           
O mesmo Mckinsey criou uma escala da sexualidade, que é um pouco mais coerente que pesquisas que não levam em conta o fator “enrustido” – em  pesquisas comportamentais, digamos assim, o erro de margem pode ser qualquer um!

            Bom, essa escala Mckinsey aponta a diversidade sexual partindo do totalmente heterossexual passando pelo relativamente heterossexual – o que explica os T-lovers, os caras que comem travestis e transexuais e juram de pés juntos que são héteros – até os totalmente gays. 
           
Mas o que aconteceria se os gays nascessem azuis? Eu não sei onde ouvi essa teoria, mas quem for o autor, pelo amor de Deus me mande um e-mail, porque é sensacional! Se o modo gay invisible não existisse? Se as pessoas soubessem que somos gays desde que nascemos, isso diminuiria o preconceito?

            Eu sou do tipo super discreto, o enrustidinho. Ao ponto de existirem heterossexuais que conseguem ser mais gays do que eu! Tipo, eu nunca fiz luzes loiras no cabelo! (Nooossa!!!) E isso é, tipo assim, muito revoltante! Por isso, a maioria dos meus amigos (2 contra 1) são heterossexuais: não gosto de saber que existem caras mais viados do que eu! Por que? Porque te leva a conclusão de que todo o tempo em que você foi o comportadinho, foi um tempo em vão. E confesso: isso dói no fundo da alma psicanalítica.

            Se você perguntar para qualquer gay se é mais fácil ser um travesti ou um gay discreto, todos vão querer se casar com a segunda opção. Tem aquele cara, autor do livro “O Armário”, que chama isso de preconceito 'internalizado' – quando nós mesmos não nos aceitamos. Quando categorizamos níveis de adequação do comportamento gay: que começam no topo com os gays vegetais eunucos das novelas da Globo até a dita sarjeta hierárquica social com as drag queens e papais de couro. Como se já não bastasse a rixa entre os gays e os nazistas, imagine se discretos e travecos entram no ringue para a porrada? Animais do zoológico, unam-te! Somos tão especiais por isso: somos a diversidade dentro da diversidade! Promessa de ano-novo para mim (e para você também, se estiver sofrendo desse mal que é o preconceito internalizado!): fazer novos amigos mais gays do que eu (ou você) e largar de vez esse estigma do “enrustidinho versus aloka”.
           
Mas eu posso dizer para vocês que como o gayzinho bem-comportado também sofri preconceito. Nunca levei predada, nem ando com canivete na bolsa, mas tenho depoimento e quero dar! E, a-há, vou dar! (Perceberam a piada com o “dar”? Meu amigo diz que se a gente tem que explicar a piada, é porque ela não é boa... Merda!)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ATIVO x PASSIVO

          Depois de um certo tempo de convívio, as pessoas naturalmente percebem que você é para elas um “diferente”. Elas sabem que você é gay e isso não é nenhuma conspiração norte-americana, é fato. Mas, por algum motivo, elas querem acreditar até o final que não é o que parece ser, essas pessoas acham “ruim” ser gay, mas elas não te odeiam. Pelo menos, não ao ponto de te espancarem e te queimarem, ainda vivo, numa cruz em praça pública. Se fosse assim, elas nem conversariam com você. Reações exageradamente inesperadas só podem acontecer se você for tipo Conan, o Bárbaro. Todo mundo sabe que o He-man é gay, mas o Conan???

            Bem, mas uma hora essa hora chega e a pergunta vem: “Você é gay?” ou “Você gosta de homens?”, sempre, claro, antes de: “Posso te fazer uma perguntinha, muito pessoal, você não vai levar a mal?”. Então você responde que é um menino alegre, uma bee.
         
             Assunto encerrado? Ainda não.

            Aí, às vezes, vem aquela pergunta super inteligente: “Desde quando?”

            Segura o ódio, não dá patada, seja educado: lembre-se que o heterossexual de hoje pode ser o simpatizante de amanhã!

            Às vezes eu acho que ser um gay mais declaradamente gay, sabe, afetado mesmo, pode te fazer escapar desse questionário bobo: 1. Posso te fazer uma pergunta? Hunf. 2. Você é gay? Hunf. 3.Opcional: Desde quando? Aff!!!

            Mas, infelizmente, nem as bees mais passivonas escapam dessa última que é a 4.: “Faz a ativa ou faz a passiva?” (Mas pelo menos se livraram das duas primeiras e da opcional terceira, i-hu!)

            Você responde passiva se quer parecer uma verdadeira lady.

            Você responde ativo se quer parecer um integrante do elenco de atores comedores da machofucker e berra (ou arrota) “Rú”!

            Você responde versátil se quer parecer uma pessoa sexualmente muito bem resolvida.

            Por que digo “parecer”? Tudo bem, aqui existem preferências: hoje só quero dar, amanhã só quero comer, que merda: você quer dar pra mim se eu quero dar pra você???, mas uma coisa é certa – o passivão tem um pinto e esse pinto um dia vai querer brincar com você; o macho-alfa “Rú!” gosta de uma dedada no cú, só tá fazendo doce  e o versátil nem é tão versátil assim: hoje só quer dar, amanhã só quer comer, que merda: quer dar pra mim se eu quero dar pra você???

quarta-feira, 25 de maio de 2011

UM DIA EU “DESCOBRI” QUE ERA GAY

“Descoberta” entre parênteses porque ela não existe. Sim, todos nascemos gays. Aquela conversa de que fulano “virou gay” ou de que fulano é um “ex-gay” é mesmo conversa para boi dormir. Casos assim são tão controversos e difíceis de comprovação que não tem como ter um consenso sobre isso. Há aquela forte teoria da psicologia do 50% genética, 50% educação... Já pensou se descobrissem o gene gay? Peraí, esse parâmetro: 50% DNA, 50% genética é pra personalidade e não sexualidade. Erro meu. Não há mesmo consenso.

            O que eu quero dizer, na verdade, é que não existe um momento mágico na adolescência onde todo ser humano pára para escolher sua preferência entre “bucetinha” ou “pau”. Simplesmente acontece. Se bem que, na real, preferência sexual está mais para transar com luz fluorescente ou à luz de velas do que gostar de bucetinha ou pau! Fingir o oposto exige uma atuação digna do Oscar com direito a fotenha com Martin Scorcese e Spielberg a tiracolo para o Orkut, Facebook, Twitter, Rabbo, Quepasa, My Space e/ou afins. Falar em “pau” e “bucetinha” é até mesmo muito simplista. Com os travestis, transexuais e bissexuais, não se fala mais em gênero: ELE ou ELA, mas em IDENTIDADE SEXUAL. Sua identidade sexual é o que você é na sua intimidade, na sua expressão sexual.

            Dizem que um gay reconhece outro gay, mas a verdade mesmo é que todo gay acha que o mundo é gay. Então, isso não ajuda muito a esclarecer as coisas. Mas ajudaria muito se as pessoas se auto-esclarecessem um pouco mais. O cara se masturba imaginando sendo comido por vários homens ou comendo vários homens, ou os dois e, depois, ainda tem a coragem de se perguntar se é gay? Ah, vá se fuder, seu viado! E isso não é ofensa não, é uma dica!

            Então eu NÃO descobri que sou gay. Digamos que eu adorava brincar de troca-troca com meus amiguinhos e odiava de morte brincar de médico com a Carolaine do 212. Acontece que os outros continuaram brincando de médico com outras garotas e cresceram. Eu continuei brincando de troca-troca e cresci. Troca-troca? Pois é, eu sou o que chamam de “versátil”, o viado que dá é o mesmo que come.

sábado, 21 de maio de 2011

O QUE É HETEROSSEXUALIDADE?

            Quando eu era criança, não sabia o que significava “hétero”. Assim como não sabia o que significava “orgasmo” e era um grandiosíssimo mistério o porquê dos adultos terem de usar a tal “camisinha” se eu nunca vi minha mãe usar uma baby look na vida! É claro que eu tive acesso a esses termos através da televisão. Uma vez perguntei a um amigo meu se ele já tinha conversado sobre sexo com os pais dele. Foi aí que ele respondeu, aos risos: “Não é preciso. Pra quê existe a TV?” TV hoje que se chama Internet.

            E realmente seria muito estranho se a minha mãe me ensinasse técnicas de boquete ou se meu pai me mostrasse como é que se usa uma camisinha, ao vivo. Isso é o supra-sumo do constrangedor, a não ser que seus pais sejam metidos a psicológos-sexólogos (ou sejam isso mesmo, como profissionais), aí a sua neura vai ser outra: “Sou assim porque você falou de sexo demais cu-mi-go, buá!” É incrível o repertório de desculpas inacreditáveis para escolhas (erros ou acertos) que são só nossos. Mas no caso da sexualidade, em especial, não é necessariamente uma escolha. A escolha, quando falamos de gays, é sair ou não do armário.

            O papel dos pais no que se refere a sexo é esclarecer quando o filho pergunta. Por exemplo, quando eu perguntei ao meu pai o que era “hétero”, “orgasmo” e “camisinha”, ele respondeu, eloqüentemente: “Hétero é gente normal”, “Orgasmo é gozar” e “Camisinha é um pedaço de plástico que o homem tem que colocar no pau pra se proteger de doença, ou de coisa pior: filho indesejado!”. Como se vê, nunca me contaram a história da cegonha.

            Eu conheço a história da cegonha por ter ouvido falar dela em algum lugar e, provavelmente, isso aconteceu quando eu já era um adulto. Também nunca me contaram a história da semente. Aquela em que o cara “planta” uma sementinha na barriga da mulher que vira o bebê. Ai, que meigo!

            Acho que as pessoas tem uma tendência a achar as crianças retardadas mentais, e pensando bem, são mesmo! Por isso existe tanto cuidado com elas – quem pode bater, maltratar, abusar ou pior: contar que o papai noel não existe para um retardado mental??

            Ainda assim, para uma criança de 7 anos como eu era na época, a definição de papai para hétero como “gente normal” e orgasmo como “gozo” não explicou muita coisa, mas já abriu mais ou menos o caminho para as respostas. Já pensou se tivesse rolado uma história com a cegonha ou uma sementinha? No away! Um pivete só vai entender o que é gozo quando gozar, fato. É a mesma coisa que um homem explicar para uma mulher o que é ejaculação ou uma mulher explicar para um homem o que são orgasmos múltiplos. 

            A descrição do meu pai sobre a camisinha pareceu fazê-la ser algo incômodo e realmente é. Só que entre sentir um pequeno incômodo e pegar alguma merda como tipo “Aids”, todos ficamos com a primeira opção. Um dia, todos os casais abandonam a camisinha, mas para que esse dia chegue, a relação deve ser estável, deve haver confiança e no caso das mulheres, hajam pílulas e D.I.U.

            Um estudo recente, aliás, mostrou que o número de DST's – Doenças Sexualmente Transmissíveis – está aumentando entre casais heterossexuais (ou “normais”, como definiu meu querido pai), porque eles não usam mais camisinha. Como assim? Eu explico: o cara transa com a amante sem camisinha, chega em casa, transa com a esposa de 20 anos de casamento, também sem camisinha e aí, ops!, trouxe a doença para casa. Para vocês verem, como traição é coisa séria. Ser corno ou corna pode trazer malefícios para o resto da vida.

            E então voltamos para o primeiro tópico: um adorável menino de 7 anos de idade descobre que ser heterossexual era ser “normal”. Heterossexual é a pessoa que pratica o ato sexual com pessoa do sexo oposto, do tipo “homem come mulher”, “mulher é comida pelo homem”. Se bem que, anatomicamente, é a vagina que “engole” o pau e não o contrário! Mas, bem... O que acontece quando esse garoto “descobre” que não é um “normal”?

            Homossexual: a pessoa que pratica o ato sexual com pessoa do mesmo sexo, do tipo: “O viado que dá a bunda”, “o viado que gosta de comer outros viados”, “a sapatão que come mulher”, “A Maria-João” ou o “João-Mariquinha”.

            Pois é, esse garoto sou eu. Com prazer, o menino alegre, futuro grande gay. É aqui que começamos...

PARTE 1 - DESCOBERTAS

Necessário expressar esse grito
que não posso abafar
é tão essencial
o que sinto
Dizer que te amo
fazer

Esse gesto que é o falar
que é o mal dizer
Não mente o puro desespero
Arranha
no escuro
um a, um a,
um b, um beijo

Tesão ouvir
esse suspiro que gela a garganta
que arrepia a nuca
e se desfaz em fumaça
fica mudo
no silêncio do mundo
na incompreensão do universo
na insanidade dos sentimentos
que dominam a não-vontade
um q, um q,
um p, uma paixão

e vai, e vai, e vai
e repete, e treme, e gagueja
encontra o olhar
denota o sorriso
não há porque ter medo!
Medo de quê?

Do quê?

Um x, um x
O x da questão
Um z, um z,
Zun-zun

APRESENTANDO-ME

Com o fim de Queer as Folk e Sex and City ficou claro para mim que o Yahoo Respostas não me traria muitas respostas.

Este Blog é fruto das minhas experiências e... dos outros também. Como diz mamãe: "A gente deve aprender mais com a desgraça dos outros do que com a nossa própria!" É um método estranho de encarar a vida, mas bastante útil.

O assunto aqui não começa e acaba simplesmente em sexo. E sim Sexualidade. Entre pernas e coxas que batem até o pensamento que os conduz existe uma imensa escala para exploração. Comportamento, é disso que vos falo.

E como um cara que gosta de outros caras que sou, isto é, um Gay com G maior - os tópicos aqui vão ser 98% voltados para este público. Os HT's ou Heterossexuais já aprendem desde cedo na escola como as coisas funcionam... Já para um gay, o negócio é bem mais intuitivo. Quero dizer, até hoje (ou até o semestre que vem, quando chegam às escolas o Kit Gay).

Meu nome é Wesley Ricardo. O pessoal ou me chama de "Veslei" ou me chama de "Ricardinho", o que eu adooooro! Apelidos carinhosos são super terapêuticos para quem passou 8 anos do Ensino Médio sendo chamado de "Viado Desgraçado" a "Biba Loka". Se bem que pensando bem... Chamar um viado de viado não é exatamente uma ofensa. Ofensa seria mandar eu chupar uma bucetinha, como diz o maravilhoso humorista Patrick Maia. Que, infelizmente, não é gay.

Sou estudante de Publicidade, 3º ano.
Caracteristícas: Irônico, Bonito, Inseguro e Vingativo. Com todos os prós e contras, como se pode perceber.
Jovem que já viu de tudo nessa vida. São as vantagens de se morar no seio da pobreza em ascenção.

Estas são as minhas confissões, as que estão por vir.
Minhas reflexões.
Máximas nem sempre absolutas.

Inicialmente esse era o sentido de um Blog, aquela idéia de "Diário".
Bem-vindos ao meu diário, então!

O meu e-mail?

vesleyricardo@hotmail.com

Adicionem!!!

Amem ou odeiem, mas leiam.

XD pra vocês!!!